O “Segredo” – Aterros de Solos

Os aterros em solos estão sendo executados sem atender as normas técnicas da boa prática da engenharia civil geotécnica. Além de prejuízos materiais,isso traz consequências jurídicas ou legais e, até mesmo, perdas de vidas.

São várias argumentações falsas para tal atitude, como: que custos são inviáveis ou elevados, que não há tempo suficiente para execução correta e ou de que os procedimentos técnicos não são necessários para se obter um aterro com qualidade.

O correto é que independe do volume de aterro e dos solos existentes no local e das possibilidades de áreas de empréstimo (de onde se remove o solo), há um procedimento executivo de engenharia civil geotécnica adequado e que deverá ser seguido para não haver ônus.

O procedimento adequado proporcionará ao responsável técnico pela obra de aterro, economia e segurança, além da tranqüilidade quanto à questão jurídica, pois os aterros são um produto da engenharia civil e, portanto, protegidos pelo Código do Consumidor na necessidade de atender as normas técnicas da ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas).

Sem a devida aplicação  dos conhecimentos geotécnicos na execução dos aterros de solos, muitos problemas poderão ocorrer em pequenas e grandes obras de engenharia, como exemplificamos a seguir:

Recalques e afundamentos de piso, ruas, vias e fundações;

Vazamentos de redes hidráulicas e sanitárias;

Deslizamentos de taludes, contenções e muros de arrimo;

Vazamentos de lagoas de tratamento de resíduos e líquidos;

Erosões internas em diques e barragens;

Não enchimento de lagoas, diques e barragem por perda de água.

Ao executar um aterro é necessário conhecer as propriedades de engenharia dos solos a serem utilizados quando compactados. Mais especificamente e, de forma geral, a resistência dos solos produto do aterro executado.

Para se obter as melhores propriedades de resistência dos solos de aterro devemos compactar de acordo com os seguintes procedimentos:

Lançar camadas soltas horizontais de no máximo 20 a 25 cm, quando mecanizado e no máximo 15 para compactação manual;

A umidade dos solos deve ser homogênea nas camadas solta a ser compactada e a umidade em torno da denominada ótima do ensaio de proctor normal;

A espessura da camada, o número de passadas do equipamento de compactação, a umidade de compactação e o grau de compactação devem ser controlados de modo a imprimir a melhor homogeneidade de cada camada compactada.

O não atendimento a esta boa prática de engenharia poderá conferir aos aterros um comportamento anômalo acarretando conseqüências econômicas, na segurança e legal.

Para executar um aterro seguro devemos, além de atender os procedimentos técnicos apresentados acima, realizar o controle tecnológico pelo fato de estar normalizado pela ABNT(Associação Brasileira de Normas Técnicas). Isso porque o controle tecnológico tem a função de verificar e  confirmar se as propriedades de engenharia adotadas no projeto para o aterro correspondem as do aterro executado no campo.

Há exemplo do concreto, que é realizado em usinas e depois na obra são moldados corpos de prova de todos os caminhões para confirmar sua resistência na obra. Devemos fazer o mesmo com aterros de solos.

A seguir, apresentam-se algumas atividades de controle tecnológico de aterros:

–    Locar e verificar a geometria da obra de acordo com o projeto;

–    Lançar e verificar a espessura das camadas soltas;

–    Controlar número de passadas do rolo compactador;

–    Executar coleta de corpos de prova por cravação de cilindros, e copinhos, para determinação do peso específico e umidade em laboratório;

–    Comparar os resultados dos ensaios de laboratório com o grau de compactação (GC) e o desvio de umidade (?h), especificados em projeto;

–    Verificar e ajustar a umidade e numero de passadas do rolo de modo a atender aos valores especificados no projeto;

–    Verificar se a resistência, compressibilidade e permeabilidade obtida das amostras coletadas nas camadas executadas atendem aos valores adotados no projeto.

Estes procedimentos são de baixo custo quando comparados com valor da obra. E, praticamente, insignificantes se considerarmos os riscos econômicos, de vidas e legais envolvidos no empreendimento.

Existem procedimentos modernos e eficazes que, consequentemente, trazem redução de custos além de reduzir o prazo de execução dos trabalhos.

Nos aterros poderíamos dizer que o segredo esta nas coletas de amostras através da cravação de cilindros pequenos, moldagem de blocos pequenos que depois seguem para os laboratórios para execução de ensaios de laboratório de resistência, compressibilidade e permeabilidade, conforme a necessidade geotécnica. Além do grau de compactação e desvio de umidade.

Também devemos ressaltar a carência de mão de obra treinada para atender estes procedimentos.

Exatamente por este motivo dispomos de cursos de treinamento aos interessados para controle tecnológico e apoio técnico para obras de terraplenagem, diques, barragens, lagoas e pavimentação.

Eng. Mauro Hernandez Lozano

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