A Vez do Solo Grampeado na Construção Civil

Por Mauro Lozano

O uso da técnica do solo grampeado não é mais novidade para muita gente, o que poucos sabem é que algumas incorporadoras já estão utilizando esta técnica para contenção de taludes em subsolos de prédios e casas.

Para quem acha que o solo grampeado ficou só para estradas, túneis e remediação de deslizamentos, esta perdendo uma grande chance de reduzir custos sem colocar em risco sua obra.

Historia do Solo Grampeado

A técnica do solo grampeado foi usada pela primeira vez na Franca em 1961 na retenção de paredes permanentes em rocha mole. Na ocasião os chumbadores eram de uma barra maciça de aço sem a aplicação do concreto projetado.

Um processo mais moderno foi aplicado em Versailles em 1972 que consistia em uma face (talude) de aprox. 18 metros de altura, já com a técnica de projeção de concreto.

Em 1986 o ministério de transporte do governo francês investiu US$ 4 Mio. em um projeto chamado CLOUTERRE. O Objetivo principal foi de desenvolver recomendações e normalizações para o solo grampeado com especial ênfase na segurança e durabilidade.

A partir de então esta técnica não para de desenvolver-se, alem da evolução técnica nos processos executivos e nos matérias utilizados, Tem-se a evolução de projeto com critérios de dimensionamentos e utilização de ensaios de laboratório e de campo que conferem mais economia com segurança.

A Técnica do Solo Grampeado

De forma resumida o processo de divide-se em quatro fases:

– Reforço das edificações periféricas (vizinhos)

– Escavação parcial

– Instalação dos chumbadores – perfuração, introdução do chumbador e injeção dos furos.

– Aplicação de concreto projetado – incluindo a instalação de drenos.

escava1[1]

A Segunda Onda

No inicio dos anos 90 os europeus começaram a aplicar o solo grampeado em contenção de taludes em prédios, devido à alta densidade de construções em centros urbanos. Hoje esta técnica esta presente em grande parte das obras na Europa e América que necessitam estabilizar taludes visando maior eficiência de custos, segurança e qualidade.

No Brasil algumas empresas de contenções e consultores também começam a seguir os passos dos europeus oferecendo esta tecnologia às Incorporadoras e construtoras. Construções em grandes centros urbanos no Brasil já podem também se beneficiar desta tecnologia.

Vantagens

Outro fator que muitos desconhecem é a facilidade para mobilização e flexibilidade do equipamento, com isso obras de difícil acesso e pouco espaço podem se beneficiar também do uso do solo grampeado.

A vizinhança também agradece, como os equipamentos emitem pouco ruído o nível de distúrbio é desprezível e acima de tudo os equipamentos não transferem vibrações ou impactos para as edificações vizinhas.

Outro fator é o ganho de área que o solo grampeado propicia para o empreendimento, pois o solo grampeado desce rente à divisa do terreno, oferecendo mais área para as garagens.

Um fator de grandes discussões entre os consultores de contenção é o comportamento do solo grampeado em solos com bastante água, a técnica do solo grampeado também evoluiu neste quesito. Como os equipamentos são muitos flexíveis sua movimentação neste tipo de solo não fica comprometida a drenagem interna funciona permitindo a execução das obras.

Mais sem duvida nenhuma as maiores vantagens do solo grampeado esta na vantagem de custo e no tempo de mobilização em relação aos sistemas convencionais.

Num empreendimento com terreno de 20×40 com três pavimentos a economia pode chegar a R$ 180 mil. Alem disso o tempo de mobilização cai em 30%, acelerando a entrada dos trabalhos de fundação.

graf1[1]

Segurança e Limpeza

OS 5S são uma pratica de qualidade idealizada no Japão no inicio da década de 70. O seu nome corresponde a iniciais de cinco palavras japonesas equivalentes à:

Separar, Situar, Suprimir, sinalizar e seguir.

O Solo grampeado colabora para os princípios do 5S. A limpeza na obra é uma característica marcante, pois o processo de remoção de terra ocorrerá somente no período de execução do solo grampeado, a obra ficara livre de futuras remoções de taludes. A partir da execução das fundações, a obra não terá em etapas posteriores mais remoção de terra.

gramp1[1]

A Terceira Onda

A técnica de solo grampeado baseia-se em aproveitar ao máximo a resistência dos solos e, no que este não é competente, resistência à tração, utilizar um elemento de reforço. Daí a denominação de solo reforçado.

O “segredo” do sucesso do solo grampeado esta na qualidade das investigações geotécnicas e no acompanhamento e avaliação de desempenho da obra. Isto é, sondagens e ensaios resistência dos solos na fase de projeto e nos ensaios de laboratório e de campo na fase de obra.

Os espaçamentos horizontais e verticais entre os grampos e as profundidades são determinados através de procedimentos de cálculos de dimensionamento que necessitam das propriedades de resistência dos solos e da aderência do grampo com os solos. Assim é de fundamental importância o controle sobre o conhecimento destes parâmetros geotécnicos.

Assim, a técnica arrojada, de tirar o maior proveito da resistência dos solos, é plenamente assegurada com conhecimento da resistência ao cisalhamento, a priori, nas investigações de projeto. E, através de um controle tecnológico, semelhante com que se faz nas estruturas de concreto, confirmamos a resistências dos solos escavados, durante as obras. Avalia-se também o desempenho dos grampos através de ensaios de campo.

Resume-se assim a terceira onda tecnologia executiva associada a cientifica e a experimentação de modo a obter-se economia e segurança.

gram2[1]

gramp3[1]

gramp4[1]

                      MODELO FÍSICO

Fonte: Engº Mauro Hernandez Lozano e Engº Carlos Paias

 

Deixe uma resposta